Projeto de Lei de Ativos Digitais da Austrália gera resistência da indústria devido à ampliação dos poderes da ASIC

Resumo Rápido 

• O novo Projeto de Lei de Ativos Digitais do Tesouro enfrenta críticas por confundir as linhas entre valores mobiliários e commodities como Bitcoin.
• Críticos alertam que o Projeto concede à ASIC poderes além de sua competência legal sob o Corporations Act.
• Vozes da indústria argumentam que a medida pode sufocar a inovação e expulsar do mercado as plataformas menores que operam apenas com Bitcoin.

O Tesouro australiano está enfrentando crescentes críticas de participantes do setor cripto em relação ao seu proposto Treasury Laws Amendment (Digital Asset and Tokenized Custody Platforms) Bill 2025 (Exposure Draft). O projeto, que visa reforçar a regulamentação das plataformas de ativos digitais, foi acusado de extrapolar limites legais e redefinir o papel da Australian Securities and Investments Commission (ASIC).

O Projeto de Lei proposto pelo Tesouro sobre Plataformas de Ativos Digitais e Custódia Tokenizada estende as obrigações de nível AFSL para um novo mercado que ignora deliberadamente as diferenças fundamentais entre valores mobiliários, investimentos gerenciados e ativos semelhantes a commodities como o Bitcoin.

Seu alcance abrangente…

— Australian Bitcoin Industry Body (@AusBTCIndBody) 27 de outubro de 2025

Indústria alerta para excesso de alcance

De acordo com especialistas do setor, a definição ampla de “plataforma de ativos digitais” no projeto de lei confunde as linhas entre produtos financeiros e ativos semelhantes a commodities, como o Bitcoin. Sob o novo marco proposto, tanto ativos digitais descentralizados quanto tokens especulativos ficariam sob a supervisão da ASIC — uma medida que, segundo críticos, transforma o regulador de valores mobiliários em um regulador de commodities.

Atualmente, os poderes da ASIC estão limitados a produtos e serviços financeiros sob o Corporations Act 2001 (Cth) e o ASIC Act 2001 (Cth). Commodities como ouro, prata e outros bens tangíveis são regulados por leis comerciais e de consumo gerais, a menos que sejam convertidos em instrumentos financeiros como ETFs ou futuros. No entanto, a redação do projeto abrange qualquer sistema que facilite a custódia ou troca de tokens digitais — classificando efetivamente o Bitcoin junto com ativos especulativos.

“Isso é uma redefinição estrutural da jurisdição da ASIC,”

advertiu uma das submissões ao Parlamento.

“Estende a autoridade do regulador para o direito de propriedade e de commodities — algo que o Parlamento nunca pretendeu.”

Exchanges de Bitcoin em risco

O Tesouro defendeu a proposta como uma salvaguarda necessária após o colapso da FTX. No entanto, críticos argumentam que a queda da FTX foi causada por fraude, e não por falta de classificação ou licenciamento. Eles observam que colapsos semelhantes já ocorreram dentro do escopo regulatório atual da ASIC, como o Shield Master Fund, licenciado pela ASIC.

Opositores alertam que o projeto pode expulsar do mercado exchanges menores que operam apenas com Bitcoin, ao mesmo tempo em que consolida o poder entre grandes plataformas de negociação multiativos apoiadas por bancos e instituições. Tal mudança, alertam, pode aumentar os riscos sistêmicos em vez de reduzi-los.

Vale destacar que o governo está se preparando para conceder à AUSTRAC (Australian Transaction Reports and Analysis Centre) poderes ampliados para monitorar e regular caixas eletrônicos de cripto, já que a Austrália agora ocupa a terceira posição no ranking global de mercados de caixas eletrônicos de cripto.