Hyperliquid dá um passo decisivo com o HIP-3: Mercados perpétuos abertos para todos

Hyperliquid está prestes a ativar, em 13 de outubro, sua atualização HIP-3, uma revolução que permitirá a qualquer desenvolvedor criar mercados de futuros perpétuos sem autorização prévia. Este avanço significativo marca um ponto de virada na descentralização das exchanges de criptoativos.

Hyperliquid libera finanças perpétuas com o HIP-3

Hyperliquid está lançando nesta segunda-feira o HIP-3, sua terceira grande proposta de melhoria, marcando um ponto de virada importante no acesso à criação de mercados descentralizados de derivativos. Anunciada por um administrador no Discord, essa atualização não afeta diretamente os traders atuais, mas abre uma nova era para desenvolvedores de aplicações. 

A partir de agora, qualquer desenvolvedor que atenda aos critérios técnicos on-chain poderá criar seus próprios contratos perpétuos sem autorização prévia.

O protocolo apresenta o HIP-3 como “um passo fundamental para a total descentralização do processo de listagem de perpétuos“.

Para obter esse privilégio, cada deployer deverá fazer stake de 500.000 tokens HYPE no HyperCore—cerca de 21 milhões de dólares ao preço atual. Essa exigência é significativa: visa excluir projetos oportunistas enquanto promove uma governança verdadeiramente distribuída.

Tecnicamente, a arquitetura se baseia no HyperEVM, uma infraestrutura compatível com EVM que gerencia contratos inteligentes e mecanismos de governança. Salvaguardas estão integradas, incluindo redução automática de validadores e limitação de posições abertas, para evitar alavancagem excessiva e riscos sistêmicos.

O mercado recebeu imediatamente esse anúncio: o token HYPE saltou 11%, ultrapassando 42 dólares, enquanto a plataforma já mostra 3.5 bilhões de dólares em volume semanal e mais de 94.000 endereços recompensados durante seu último airdrop.

Os desafios do crescimento explosivo em um ambiente hostil

Mas essa ascensão meteórica também atrai predadores. Hyperliquid mal saiu de um período turbulento que questiona sua robustez e a solidez de seu modelo. Recentemente, um trader perdeu 21 milhões de dólares devido a um vazamento de chave privada, lembrando de forma dura que, nas finanças descentralizadas, o menor erro humano pode ser fatal.

Ainda mais preocupante, o crash de 11 de outubro de 2025 colocou a plataforma na linha de frente das liquidações, com mais de 10.3 bilhões de dólares em posições liquidadas — um recorde, superando até mesmo Bybit e Binance. 

Vários usuários relataram falhas técnicas em meio à tempestade de volatilidade: ordens travadas, gaps de preço anormais, execução lenta. Incidentes que reacendem o debate sobre responsabilidade e regulação de plataformas descentralizadas.

A ativação do HIP-3, portanto, ocorre em um contexto paradoxal. Por um lado, Hyperliquid leva a descentralização ao extremo, permitindo que qualquer pessoa crie um mercado de derivativos sem permissão. 

Por outro lado, eventos recentes nos lembram da fragilidade dos usuários diante de falhas técnicas e erros humanos. A transparência total, antes apresentada como garantia de confiança, transforma-se em exposição permanente: tudo é visível, logo, potencialmente explorável.

Com o HIP-3, Hyperliquid expande os limites das finanças descentralizadas. A promessa é imensa: um mercado de derivativos permissionless governado por código. Essa aposta na descentralização total, mesmo que imperfeita, reflete a crença de que um ecossistema aberto é melhor do que o controle centralizado. 

Mas a história mostra que cada passo rumo a mais liberdade vem acompanhado de um teste de resiliência. Hyperliquid acaba de abrir um novo capítulo—será preciso ver se resistirá às tempestades do mercado cripto.