Ethereum: JPMorgan assina um investimento estratégico de $102 milhões

O JPMorgan continua a consolidar a sua presença no universo das criptomoedas. Já lá vão os simples experimentos ou testes de blockchain em laboratório. O banco está a levar o assunto a sério. Prova disso: um investimento de 102 milhões de dólares numa empresa cotada em bolsa. O objetivo? Aproximar-se do Ethereum sem as restrições de uma carteira digital. Um método indireto, mas calculado. Os bancos não gostam de ambiguidades. Querem estruturas claras. E o JPMorgan encontrou essa estrutura.

JPMorgan expõe-se ao Ethereum sem o gerir diretamente

O JPMorgan não compra Ethereum diretamente. Em vez disso, adquire uma participação na Bitmine Immersion Technologies, uma empresa que detinha, a 30 de setembro, mais de 3 milhões de ETH. Um montante colossal. Esta empresa, anteriormente especializada em mineração de Bitcoin, abandonou completamente essa atividade para acumular Ethereum. Uma mudança estratégica espetacular.

Com quase 2 milhões de ações da Bitmine na sua carteira, o banco americano está a apostar forte. Posiciona-se de forma inteligente no universo Ethereum sem utilizar uma carteira cripto ou lidar com a gestão de ativos digitais. Isto ilustra claramente a cautela das instituições em relação à custódia de criptoativos. Mas, acima de tudo, mostra que o ETH é agora visto como um ativo do futuro.

Este movimento não é isolado. Em 2025, vários produtos financeiros suportados por Ethereum foram lançados, especialmente ETFs spot. Mas o JPMorgan continua a preferir uma exposição indireta, mantendo o controlo do quadro regulatório. É uma forma discreta, mas muito calculada, de entrar na arena do Ethereum. E fá-lo silenciosamente, mas com um forte sinal para todo o setor cripto.

JPMorgan aposta no BTC mas joga pelo seguro com o ETH

Enquanto o Ethereum atrai atenções, o Bitcoin continua a ser a estrela cripto do JPMorgan. O banco aumentou a sua posição no ETF IBIT da BlackRock em 64%, detendo 5,28 milhões de ações no final de setembro, avaliadas em cerca de 312 milhões de dólares. Em contraste, detém apenas 66 ações do ETF Ethereum ETHA, avaliadas em apenas 1.700 dólares. Um contraste que levanta questões.

Porquê este desequilíbrio? Por um lado, os ETFs de Bitcoin tiveram um desempenho muito melhor. Por outro, o mercado de Ethereum é visto como mais instável e menos claro para as autoridades. E, finalmente, a Bitmine funciona como uma porta dos fundos: exposição massiva ao ETH sem envolvimento direto nos fluxos de criptoativos. Para um banco regulado, é uma estratégia brilhante.

A indústria cripto observa este duplo jogo com interesse. O Bitcoin é usado como trampolim oficial. O Ethereum permanece uma opção futura, abordada com cautela. O JPMorgan ilustra esta evolução. Participa na disrupção mantendo o conforto dos mecanismos financeiros tradicionais. A entrada no cripto não é pela porta da frente, mas sim por uma abertura lateral controlada.

5 números a reter sobre a operação do JPMorgan

• 102 milhões de dólares: valor das ações da Bitmine adquiridas, suportadas por Ethereum;
• 3,24 milhões de ETH: mais de 11 bilhões de dólares detidos pela Bitmine;
• 3.394 dólares: preço do ETH no momento da redação;
• 312 milhões de dólares: valor da exposição ao Bitcoin via o ETF IBIT;
• 66 ações ETHA: exposição simbólica do JPMorgan ao ETF de Ethereum.

Os sinais estão a acumular-se. Há vários meses que circulam rumores sobre um projeto interno de stablecoin com a marca JPMorgan. Os rumores começaram em junho. Após este investimento massivo em torno do Ethereum, é difícil não ver os primeiros passos de um plano muito maior. O gigante bancário parece estar a lançar, um a um, os alicerces da sua futura moeda digital.