Chainalysis mapeia US$ 75 bilhões em criptomoedas ilícitas escondidas à vista de todos

A Chainalysis identificou um enorme valor de US$ 75 bilhões em criptomoedas criminosas que permanecem intocadas em carteiras públicas e visíveis. As descobertas revelam um vasto tesouro digital que permanece teoricamente passível de apreensão por agências de aplicação da lei em todo o mundo.

Em um relatório datado de 9 de outubro, a empresa de análise de blockchain Chainalysis publicou uma análise inovadora dos saldos estáticos on-chain, revelando que entidades ilícitas e suas redes a jusante controlam coletivamente mais de US$ 75 bilhões em criptomoedas.

O estudo distingue entre carteiras diretamente ligadas à atividade criminosa, que detêm quase US$ 15 bilhões, e o vasto ecossistema de carteiras a jusante que receberam grandes quantias de fundos ilícitos, detendo os US$ 60 bilhões restantes.

Saldos criminosos disparam enquanto o Bitcoin mantém seu domínio nas finanças ilícitas

De acordo com o relatório, o saldo combinado de Bitcoin, Ethereum e stablecoins mantido diretamente por entidades ilícitas aumentou 359% desde 2020, atingindo quase US$ 15 bilhões em julho de 2025. Fundos roubados dominam esse cenário, representando a maior categoria individual.

A Chainalysis sugere que, enquanto golpistas e mercados da darknet movimentam dinheiro rapidamente, hackers frequentemente enfrentam desafios operacionais para lavar volumes tão grandes, forçando-os a manter ativos on-chain por períodos mais longos. Mega-hacks recentes, como o roubo de US$ 1,5 bilhão da Bybit ligado à Coreia do Norte, ilustram a dificuldade de converter grandes quantias sem chamar atenção.

O relatório também destaca a vasta rede a jusante de carteiras conectadas a atores ilícitos, que coletivamente detêm mais de US$ 60 bilhões em cripto, aproximadamente quatro vezes o valor armazenado nas carteiras ilícitas primárias.

Administradores e vendedores de mercados da darknet sozinhos controlam colossais US$ 46,2 bilhões, um testemunho da natureza lucrativa e de longo prazo desses mercados que operam desde a era Silk Road. Segundo a Chainalysis, esse total a jusante pode ser ainda maior, já que plataformas de lavagem de dinheiro atuando como pontos de trânsito podem obscurecer todo o rastro dos fundos.

Atores ilícitos preferem manter Bitcoin

O Bitcoin continua sendo o ativo preferido dos criminosos, representando 75% de todos os saldos de entidades ilícitas. Seu domínio é amplamente atribuído à sua significativa valorização ao longo do tempo, o que inflou massivamente o valor dos saldos mantidos em carteiras antigas.

Os criminosos também parecem tratar o Bitcoin como uma reserva de valor de longo prazo; o relatório constatou que mais de um terço das carteiras ilícitas de BTC ainda mantêm saldos um ano inteiro após sua última transação. Em contraste, stablecoins mostram menor concentração entre carteiras, provavelmente porque os criminosos reconhecem que podem ser congeladas por emissores centralizados e, portanto, espalham seu risco.

O relatório da Chainalysis destaca ainda uma mudança significativa na forma como os criminosos estão sacando, com transferências diretas de entidades ilícitas para exchanges centralizadas caindo de mais de 40% para cerca de 15%. Isso indica uma grande mudança para o uso de mixers e pontes cross-chain para ofuscação.

Para as autoridades, essas mudanças comportamentais complicam o timing e a execução das operações de recuperação de ativos. No entanto, a transparência do blockchain ainda apresenta uma vantagem rara. A Chainalysis afirmou que seus dados já ajudaram as autoridades a apreender mais de US$ 12,6 bilhões em fundos ilícitos em todo o mundo.