Pontos principais:
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos caíram, destacando o aumento da aversão ao risco e a demanda por ativos de refúgio seguro.
Os ETFs de Bitcoin à vista registraram entradas de US$ 430 milhões enquanto as ações permaneceram estáveis, sinalizando um possível desacoplamento dos mercados tradicionais.
O Bitcoin (BTC) atingiu a máxima de duas semanas na quarta-feira após o shutdown do governo federal dos Estados Unidos. No entanto, os investidores permanecem cautelosos, lembrando que o shutdown de 2018 desencadeou uma liquidação devido a preocupações com o crescimento econômico mais lento.
Sem uma resolução em vigor, as agências federais foram orientadas a ativar medidas de contingência, forçando centenas de milhares de funcionários a ficarem em casa. Agora, a atenção se volta para a duração do shutdown, com outra votação no Senado marcada para quarta-feira.
A administração Trump alertou que pode realizar demissões em massa caso não haja acordo, uma ameaça que tornou os traders mais cautelosos e avessos ao risco.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos caíram na quarta-feira, mostrando que os traders estão dispostos a aceitar retornos menores em troca da segurança da dívida garantida pelo governo. O ouro também disparou para um recorde de US$ 3.895 por onça, sinalizando uma demanda mais forte por proteções tradicionais.
À primeira vista, o shutdown pareceu proporcionar um impulso de curto prazo para o Bitcoin, mas permanecem dúvidas sobre sua durabilidade. O mercado de ações dos EUA mostrou pouca reação imediata, embora tenha havido pressão a partir dos dados do ADP que apontaram para 32.000 empregos privados a menos em setembro, enquanto os números de agosto foram revisados para mostrar uma perda líquida de 3.000 empregos.
Bitcoin perdeu 9% durante o shutdown do governo dos EUA em 2018
Quando o governo dos EUA fechou em dezembro de 2018, o Bitcoin caiu 9%. Desta vez, o impacto econômico pode surgir rapidamente, já que os gastos do governo desaceleram drasticamente e a divulgação de dados oficiais enfrenta atrasos.
O mercado de ações dos EUA iniciou uma correção de 12% apenas 10 dias antes do shutdown do governo em 22 de dezembro de 2018, mas toda a queda foi revertida em menos de um mês. Os investidores que mantiveram suas posições e ignoraram a volatilidade de curto prazo acabaram se saindo melhor.
Para o Bitcoin, no entanto, o shutdown de dezembro de 2018 teve um impacto ligeiramente negativo, com os preços caindo de US$ 3.900 para US$ 3.550 durante o impasse de 35 dias. Ainda assim, a criptomoeda enfrentava desafios maiores na época, já tendo caído 42% nas duas semanas anteriores a 25 de novembro de 2018. Alguns analistas argumentaram que medidas regulatórias mais rígidas foram o gatilho para a forte liquidação.
Em outubro de 2018, o Financial Action Task Force (FATF) atualizou suas diretrizes para cobrir atividades com ativos virtuais, incluindo exchanges de criptomoedas e determinados provedores de carteiras. O órgão intergovernamental, que representa cerca de 200 jurisdições, centra seu mandato em Prevenção à Lavagem de Dinheiro e combate ao financiamento do terrorismo. Os traders podem ter antecipado uma fiscalização regulatória mais intensa.
Relacionado: Senado dos EUA realizará audiência sobre impostos de cripto enquanto IRS oferece alívio sobre imposto corporativo
Os US$ 430 milhões em entradas líquidas nos ETFs de Bitcoin à vista na terça-feira, combinados com o recente desacoplamento do ativo em relação às ações, reforçaram sua reputação como proteção independente. Esses veículos agora administram quase US$ 147 bilhões em ativos, enquanto o ouro, um mercado de US$ 26 trilhões, sustenta US$ 461 bilhões por meio de ETFs.
As condições atuais sugerem que o shutdown do governo pode ser favorável ao Bitcoin nos próximos 30 dias, mesmo com a fraqueza econômica de curto prazo pressionando os mercados tradicionais. A demanda corporativa sustentada por Bitcoin como ativo de reserva também deve desempenhar um papel importante no suporte ao momentum de alta durante um período de maior incerteza.
