Artigo da Bloomberg: A 'Máfia de Princeton' está impulsionando a febre dos tesouros de criptomoedas

Título original: Inside the Princeton Network Fueling a Crypto Treasury Boom

Fonte original: Bloomberg

Tradução: Zhou, ChainCatcher

Figuras influentes do universo cripto, incluindo Mike Novogratz da Galaxy Digital e Dan Morehead da Pantera Capital, aparecem repetidamente em uma série de transações, moldando uma das apostas mais ousadas da nova era das criptomoedas: o boom dos tesouros de ativos digitais.

Essas empresas listadas (cerca de 85 este ano e ainda aumentando) já arrecadaram bilhões de dólares de investidores dos Estados Unidos, países do Golfo e da Ásia. A estratégia delas é levantar fundos com táticas de Wall Street, acumular ativos cripto e repetir esse processo. Semana após semana, muitos dos mesmos nomes continuam surgindo nas transações mais ousadas do setor.

Novogratz, Morehead e Joe Lubin (cofundador da Ethereum), além de colegas de classe e amigos de longa data de Princeton. Eles não são apenas veteranos do setor cripto, mas também figuras centrais nesse avanço de alto risco dos ativos digitais, justamente quando uma onda mais ampla de tesouros começa a mostrar sinais de instabilidade — e os laços entre eles remontam à graduação em Princeton nos anos 1980.

Naquela época, Novogratz e Lubin eram colegas de quarto na universidade; Novogratz era um lutador vindo da Costa Leste, enquanto Lubin era um jogador de squash com talento para ciência da computação. Morehead era estudante de engenharia e jogador de futebol americano, morando nas proximidades. Esses laços moldaram décadas de matchmaking em transações cripto.

Embora redes de contatos próximas sejam comuns nas finanças tradicionais, o setor cripto foi construído sobre a promessa de descentralização e anonimato. No entanto, esses rostos familiares contam uma história diferente, uma dinâmica que levou a revista Fortune a chamá-los de “Máfia de Princeton”.

Novogratz lidera a Galaxy, um gigante de serviços financeiros de ativos digitais; Morehead é CEO da Pantera Capital, uma das primeiras empresas de investimento em cripto; Lubin é cofundador da Ethereum, opera a empresa de software blockchain Consensys e atua como presidente da empresa de tesouro de Ethereum listada em bolsa, SharpLink.

Com o impulso crescendo e figuras conhecidas no comando, a questão agora é se os DATs (Digital Asset Treasuries) continuarão trazendo retornos ou se estão sendo construídos sobre bases instáveis.

“Se você tem uma boa história e alguém que sabe contá-la, pode trazer mais capital para Solana ou Ethereum, e mais rápido do que nunca”, disse Novogratz em uma entrevista.

Galaxy e Pantera estão entre os dez maiores investidores e credores de DAT. Esse círculo fechado também se estende aos intermediários de transações, com cerca de um terço das negociações de DAT envolvendo o mesmo pequeno grupo de bancos de investimento boutique. No geral, segundo dados da PitchBook, nos últimos seis meses, os dez maiores investidores de DAT participaram de cerca de 14% das transações de tesouro. Mesmo sem considerar os maiores players, como os grandes movimentos da Strategy Inc. de Michael Saylor — só este ano, os DATs atraíram um recorde de US$ 15,4 bilhões em novo capital.

Para esses três ex-alunos de Princeton, nada disso foi planejado de antemão. Mas algo que vem desde a graduação sempre esteve presente: a propensão ao risco e a crença de que “Wall Street pode ser reconstruída de forma mais rápida e leve”. Cada um seguiu seu próprio caminho nas finanças ou tecnologia. Depois, seus caminhos voltaram a se cruzar. Por mais de uma década, eles trocam ideias e investimentos — compartilham anotações, apoiam projetos e, ocasionalmente, entram juntos em negócios.

Em maio, Lubin ajudou a criar a empresa de tesouro de Ethereum SharpLink Gaming, com Pantera e Galaxy entre os investidores. Lubin diz que os amigos só discutem DAT depois que os investidores são confirmados. Pantera e Galaxy também são investidores da empresa de tesouro de Ethereum BitMine Immersion. “Somos amigos, mas não nos vemos todos os dias”, disse Lubin em uma entrevista recente. “Mas sempre que nos encontramos, temos muito o que conversar.”

As empresas deles também competem. Em setembro, a Pantera apoiou uma nova DAT focada em Solana, chamada Helius. Poucos dias antes, a Galaxy ajudou a lançar uma concorrente chamada Forward Industries. Não foi uma ação coordenada. “Aconteceu de nossas empresas lançarem DATs de Solana na mesma semana”, disse Morehead. Novogratz expressou opinião semelhante: “Deveríamos ter ligado um para o outro para conversar, mas não fizemos isso.”

Os caminhos deles continuam se cruzando, às vezes por pura coincidência. Quando Morehead descobriu que Novogratz havia se mudado para o apartamento ao lado em Tóquio, a coincidência foi quase surreal. A alma mater deles agora também reflete esse legado comum. Em 2022, Novogratz, Lubin, Morehead e Briger financiaram juntos um novo centro na Universidade de Princeton — o Centro para Descentralização de Poder através da Tecnologia Blockchain.

Quando a SEC dos EUA sinalizou que não classificaria a maioria dos tokens como valores mobiliários, uma janela de negociação foi aberta — pavimentando o caminho para a estratégia iniciada por Saylor: levantar fundos, comprar ativos cripto, surfar na alta das ações e repetir. “Realmente começamos a ser mais criativos e agressivos no pensamento”, disse Lubin. “E isso faz muito sentido.”

Essa abordagem trouxe grandes retornos — até parar de funcionar. Em junho, a SharpLink apoiada por Lubin viu suas ações despencarem 72% em um único dia após registrar uma oferta de ações. A BitMine caiu 40% após apresentar documento semelhante. Essas vendas lembram que, nas tentativas arriscadas do universo cripto, a volatilidade inerente é angustiante.

“A SharpLink veio para o longo prazo”, disse Lubin. “Nossa estratégia atual é continuar levantando fundos em condições favoráveis, continuar comprando ether e mantendo por longo prazo, e seguir buscando e alocando ether em cenários com retornos ajustados ao risco favoráveis.”

Esta semana, mais de US$ 1,5 bilhão em posições no mercado cripto foram liquidadas à força, sem um gatilho claro.

Esses participantes continuam expandindo seu alcance. A Galaxy frequentemente atua como provedora de serviços — realizando staking de tokens, desenhando estratégias DeFi e oferecendo consultoria para equipes. A Pantera tem exposição superior a US$ 1 bilhão em DATs e apoia mais de 15 empresas. “Os DATs realmente estão oferecendo uma nova porta de entrada para um novo tipo de investidor no mercado blockchain”, disse Morehead.

Novogratz não acredita que o mercado já tenha atingido o topo. “Acho que nem todas as empresas de DAT terão sucesso, mas se conseguirem atingir escala crítica — aumentar o rendimento dos tokens base e construir um ecossistema — acredito que isso será positivo para o universo cripto como um todo. Essas são as empresas listadas que vão permanecer no longo prazo.”