A relação entre o S&P 500 e o Commodity Index acaba de atingir outro recorde histórico, triplicando nos últimos três anos. Desde o mercado de baixa de 2022, as ações dos EUA dispararam enquanto as commodities despencaram.
O S&P 500 subiu 71%, enquanto o Commodity Price Index, que acompanha energia, metais, agricultura e fertilizantes com base nos pesos do comércio global, caiu 31%.
A relação não estava tão esticada nem mesmo durante a Bolha da Internet. Algumas commodities agora estão em níveis que os investidores não viam há décadas.
Essa divergência extrema voltou a chamar atenção para as matérias-primas, que vêm sofrendo enquanto as ações atingem máximas históricas. O índice ultrapassou o pico da pandemia de 2020 e nunca mais olhou para trás.
De acordo com o Wells Fargo Investment Institute, esse cenário serve como um alerta para quem ainda está perseguindo altas das ações sem considerar o risco da carteira.
Wells Fargo orienta investidores a vender small caps e migrar para títulos de qualidade
Paul Christopher, chefe de estratégia global de investimentos do Wells Fargo, afirmou em uma nota na terça-feira que os investidores devem começar a reduzir a exposição em ações.
“Mesmo com o S&P 500 atingindo novos recordes históricos, os investidores podem querer reduzir as alocações em ações para posicionar as carteiras diante da volatilidade que esperamos nas próximas semanas e meses”, escreveu Paul. Ele alertou que choques podem vir tanto de decisões políticas quanto de surpresas econômicas.
O S&P 500 ultrapassou 6.500 pela primeira vez na quinta-feira, mas fechou em baixa na sexta-feira. Paul disse à CNBC que a força recente das ações justifica a redução da exposição em certas áreas. Ele mantém posição em grandes empresas de tecnologia, ainda com sobrepeso em tecnologia da informação, mas já realizou lucros em serviços de comunicação e ações de small caps.
O ajuste mantém a estrutura geral em 60% ações, 40% renda fixa, mas a composição dentro de cada classe está mudando.
Ele aumentou a exposição a ações do setor financeiro, considerando que serão beneficiadas caso o Federal Reserve avance com cortes nas taxas de juros. “Se as taxas de curto prazo vão cair e a economia vai desacelerar, isso significa que a curva de juros vai inclinar”, disse Paul.
“Se você é um banco, essa é uma boa situação, porque agora o custo dos seus depósitos — na ponta curta da curva de juros — ficou mais barato, então você paga menos aos depositantes. Por outro lado, os rendimentos de longo prazo, que são o que você ganha com seus empréstimos, permanecem mais ou menos estáveis.”
Ele vê pressão crescente sobre o Fed, já que o presidente Donald Trump, agora de volta à Casa Branca, busca colocar aliados no Federal Reserve Board. A tentativa de Trump de remover Lisa Cook, uma das atuais integrantes do conselho, está atualmente na justiça. Paul disse que a preocupação maior é estrutural.
“O receio seria se o Fed se tornasse uma extensão do governo, de qualquer governo, republicano ou democrata... então sempre haverá pressão para que o Fed afrouxe a política monetária conforme o governo quiser tomar mais empréstimos, e isso seria inflacionário no longo prazo.”
Paul aconselhou os investidores que estão migrando para títulos a focar em ativos de alta qualidade e prazo intermediário; especificamente títulos corporativos de grau de investimento e títulos municipais.
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