Bitcoin a US$ 126.000: isto não é uma bolha, é uma expansão

Se você perguntasse a qualquer pessoa em 2018 o que aconteceria quando o Bitcoin atingisse US$ 100.000, ela provavelmente diria que o mundo explodiria ou que todos estaríamos tomando drinks em nossas coberturas digitais neste momento. Spoiler: nenhuma das duas coisas aconteceu. O que aconteceu é muito mais interessante — porque o mundo continuou girando e o Bitcoin continuou avançando, provocando tanto protestos, quanto celebrações.

O ano em que a música nunca parou: uma retrospectiva até chegar aos US$ 126 mil

Dezembro de 2024: o marco de US$ 100 mil

Há algo de engraçado num número como US$ 100.000. Ele é tão grande, tão obviamente redondo, que transforma adultos em místicos e mestres dos memes na mesma medida. Depois de passar quase todo 2024 ganhando ritmo — com o halving de abril reduzindo a oferta, a vitória de Trump animando os mercados e jornalistas do mundo inteiro tentando pronunciar “Satoshi” sem rir — o cenário finalmente parecia completo.

Outono e inverno de 2025: altos e baixos, recuperação e renovação

Ano novo, mas o Bitcoin continua o mesmo. No início do ano, o preço oscilou entre US$ 95 mil e US$ 110 mil, como um gato que não sabe se quer ficar dentro ou fora de casa. Avançando até chegar em maio com algumas notícias reais. Os Estados Unidos realizam a “Crypto Week” (que tem menos a ver com festas e mais com legisladores dizendo blockchain de forma desajeitada ao microfone) e o mercado adora isso. Os influxos de ETF voltam a aumentar e, em 22 de maio, o Bitcoin bate casualmente um novo recorde, chegando a US$ 112.500. Julho, por sua vez, não apenas chegou, mas arrombou a porta, com a mala na mão, pronto para desempacotar um novo conjunto de discos, estivessem todos prontos ou não: o Bitcoin ultrapassou US$ 122.000. Mas este rali no inverno foi simplesmente espetacular, culminando em outra máxima histórica de US$ 124.496 em agosto. Agosto também marcou o centésimo dia consecutivo em que o Bitcoin é operado acima do nível psicológico de US$ 100.000, sinalizando uma nova era de valor sustentado e maturidade do mercado.

Outubro de 2025: a performance extra

E quando você pensava que os fogos de artifício de inverno tinham acabado, outubro chegou para exigir suas próprias manchetes. Sem muito alarde, mas com uma subida constante e quase indiferente, o Bitcoin ultrapassou sua alta de agosto. A nova máxima foi, então, estabelecida: US$ 126.000. Outra máxima histórica, outra rodada de voltas da vitória em milhares de artigos fazendo a mesma pergunta...

Então, qual foi o gatilho desta vez?

Qual seria a resposta fácil a essa pergunta? Washington. Alguns dizem que este último aumento é uma reação direta ao enfraquecimento do dólar americano, com uma renovada ansiedade em relação à paralisação do governo. (Sim, esta não é a primeira vez, por isso, neste momento, não se trata tanto de uma anomalia histórica, mas sim de uma tradição sazonal recorrente). À medida que aumentam os temores de um impasse político, inicia-se uma clássica fuga para a segurança. O dinheiro começa a procurar um porto seguro diante da tempestade, e os suspeitos de sempre — ouro, Nasdaq e, agora, Bitcoin — estão recebendo os influxos.

Mas sejamos honestos. Culpar Washington D.C. pela sua incapacidade crônica de manter as luzes acesas é como dizer que uma avalanche foi causada por um espirro alto. É um gatilho, com certeza, mas a montanha já estava coberta de neve. A verdadeira história é uma tempestade perfeita de validação institucional, redução da oferta e um mercado que finalmente decidiu que o Bitcoin não é apenas uma moda passageira, mas sim uma realidade.

O selo de aprovação de Wall Street: por que isso pode não ser o melhor

Em uma entrevista recente no programa “Squawk Box” da CNBC, Paul Tudor Jones apresentou os três cavalos vencedores do mercado em 2025. Segundo ele, há o ouro, o velho e confiável, com um aumento considerável de 46-47%. Há uma cesta de ações de memes selecionada pela Morgan Stanley (porque, claro, isso agora é uma realidade) com um aumento francamente ridículo de 67-68%, impulsionado pelo que ele chama de puro “entusiasmo dos investidores de varejo”. E, bem no meio, há o puro-sangue estável, o Bitcoin, com um aumento de 50-60%. Qual é a opinião de Jones? Ele quer manter os três, observando que essa “corrida” por ganhos provavelmente continuará a todo vapor até o final do ano, quando as instituições fecham suas carteiras para reportar esses retornos anuais atraentes.

Talvez a maior mudança estrutural não esteja nas tabelas, mas nas salas de reunião. Os rumores se transformaram em memorandos. Em um movimento que seria impensável há apenas alguns anos, Morgan Stanley chamou oficialmente o Bitcoin de “ouro digital” e começou a recomendar formalmente a exposição à criptomoeda nas alocações dos clientes. A barragem se rompeu.

E eles não estão apenas falando por falar.

Dados recentes da Farside mostram um impressionante fluxo de US$ 1,19 bilhão para ETFs de spot dos EUA, em apenas um dia! O dinheiro institucional que os evangelistas das criptomoedas vêm prometendo há uma década não está mais “chegando em breve”. Ele está aqui e está com fome.

Enquanto as instituições estão correndo para comprar Bitcoin, os detentores de longo prazo estão fazendo o oposto: eles não estão vendendo. De acordo com os dados da Glassnode, a quantidade de Bitcoin disponível nas corretoras caiu para apenas 2,8 milhões de BTC — o nível mais baixo observado desde 2019. É simplesmente a economia da oferta e da demanda, mas em versão intensificada. As prateleiras estão ficando vazias, enquanto a loja está mais lotada do que nunca. Este ambiente de baixa liquidez significa que cada grande ordem de compra tem um impacto desproporcional, criando uma mola comprimida de pressão ascendente sobre os preços.

À medida que entramos no último trimestre do ano, a trajetória do Bitcoin serve como uma metáfora adequada para o espírito de possibilidade. É imprevisível, emocionante e, para muitos, transformador. Para além do mundo das finanças, o Bitcoin não é apenas um ativo, mas uma manifestação do poder da inovação, da crença e de um pouco da bela e caótica rebeldia.

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