Meta reduz gastos com VR em 30% em mudança estratégica

A Meta está a preparar-se para cortar o seu orçamento para o metaverso em até 30%, sinalizando uma grande mudança estratégica. Três anos após tornar a realidade virtual a sua principal prioridade, a empresa está agora a redirecionar os seus investimentos para a inteligência artificial e a realidade aumentada. Uma mudança significativa de rumo para Mark Zuckerberg, que questiona o futuro do metaverso e impulsionou imediatamente as ações da Meta no mercado.

Um recuo estratégico no metaverso

A Meta planeia reduzir o orçamento da sua divisão Reality Labs, que supervisiona os seus projetos de realidade virtual, em até 30%, enquanto a empresa já tinha investido 15 mil milhões para recuperar terreno no campo da AI.

Este corte orçamental poderá entrar em vigor já em janeiro de 2026, segundo informações avançadas pela Bloomberg, no âmbito do planeamento estratégico plurianual da empresa.

O corte visaria principalmente a unidade dedicada à realidade virtual, a mais dispendiosa dentro da Reality Labs. Embora ainda não tenha sido tomada uma decisão final, também são mencionados despedimentos em discussões internas. O anúncio provocou uma reação imediata no mercado. Na sessão de abertura de quinta-feira, as ações da META subiram mais de 5%, antes de fechar o dia com uma valorização de 3,4%, em torno dos 661 dólares.

Vários fatores esclarecem a estratégia da Meta por trás desta mudança:

• A adoção em larga escala de produtos de VR tem sido insuficiente, limitando as perspetivas de rentabilidade;

• O entusiasmo inicial pelo metaverso diminuiu nos círculos tecnológicos e financeiros;

• A diminuição das ambições de outros gigantes do setor (nomeadamente a Google com o Daydream e a Apple com os seus projetos XR) reduz a pressão competitiva;

• O desempenho das ações da Meta melhorou (+5% na abertura) em resposta à racionalização dos gastos, demonstrando o apoio do mercado a este reposicionamento.

Esta decisão estratégica ocorre num contexto de desaceleração geral em torno do metaverso. Estas dinâmicas provavelmente levaram os executivos da Meta, utilizando dados on-chain recolhidos, a aliviar a presença num mercado onde a concorrência já não é tão agressiva, reduzindo assim a pressão para inovar a todo o custo no segmento de VR.

Aposta da Meta na inteligência artificial e realidade aumentada

Nesta fase de ajuste estratégico, a Meta não está apenas a congelar projetos. A empresa está a realocar ativamente os seus recursos para tecnologias consideradas mais maduras ou promissoras, nomeadamente óculos de realidade aumentada e ferramentas de inteligência artificial.

Parte dos fundos recuperados da VR será direcionada para outra divisão da Reality Labs responsável pelo desenvolvimento de óculos AR. Mark Zuckerberg confirmou esta direção numa publicação no Threads, afirmando: “estamos a entrar numa nova era em que óculos e outros dispositivos alimentados por AI vão mudar a forma como nos conectamos à tecnologia e uns aos outros”. Ele também anunciou a abertura de um novo estúdio criativo dentro da Reality Labs, focado em design, moda e tecnologia.

Ao contrário do metaverso, que ainda tem uma adoção pública marginal, os óculos inteligentes e as interfaces de AI são vistos como vetores de utilização mais integrados no quotidiano. Para a Meta, o verdadeiro desafio é agora oferecer experiências naturais e centradas nas pessoas, nas palavras de Zuckerberg.

Ao internalizar o design e desenvolvimento destes produtos, a Meta pretende reforçar o controlo criativo e proporcionar maior coerência ao seu ecossistema de hardware e software. Já não se trata de vender um sonho futurista, mas de ancorar utilizações concretas no contexto tecnológico atual.

Este redirecionamento estratégico ilustra os ajustes de um gigante perante as realidades do mercado. Enquanto a AI ganha prioridade, o metaverso e a Web3 permanecem em suspenso. O seu futuro dependerá agora da capacidade de convencer para além das promessas iniciais.