Aproveitando o falso para alcançar o verdadeiro: uma autoanálise de um Web3 Builder

Autor: @0xWilsonWu

 

Finalmente arranjei tempo para respirar. Nos últimos dias, revisei cuidadosamente meus ativos e planos, enquanto inúmeras perguntas inundaram minhas mensagens privadas e a seção de comentários. Alguns se preocupam com o progresso do Honeypot, outros perguntam sobre o mercado, mas a maioria está curiosa: “Afinal, o que você viveu nesses quatro anos?”

Por isso, decidi escrever este longo texto. Não há segredo para enriquecer, nem autoajuda motivacional, tampouco qualquer intenção de marketing. É apenas um desabafo, um verdadeiro balanço da minha transição de programador Web2 para empreendedor Web3. Talvez este seja meu verdadeiro “whitepaper” — não uma declaração pomposa, mas um diário de código suado.

Da prisão do Web2 ao chamado do Web3

Sou um nerd típico, imerso em código, otimização de produtos e construção de sistemas, interpretando o mundo com lógica racional. Naquela época, acreditava que, se o algoritmo fosse preciso o suficiente, o mundo seria ordenado.

No entanto, à medida que Trump foi “apagado” do Twitter e do Youtube, percebi gradualmente que o mundo que eu otimizava nunca pertenceu realmente aos criadores. Ele é monopolizado por gigantes, com regras tendenciosas, e os inovadores muitas vezes se tornam peões. Por mais sofisticado que seja o algoritmo, não escapa à censura da plataforma e à pilhagem de dados; por melhor que seja o produto, serve apenas para vestir outros.

O mundo cripto surgiu como um raio de luz numa fenda, entrando no meu campo de visão. Na época, eu já possuía uma pequena quantidade de BTC para experimentar, mas o que realmente acendeu minha paixão foi o boom do Luna — como uma estrela brilhante, não só oferecia um yield alto, mas também me fez estudar o crypto por vários ângulos. Li o whitepaper do bitcoin, aprendi sobre contratos inteligentes do Ethereum, estudei Cosmos e a tecnologia de cadeias de aplicação IBC. A descentralização deixou de ser um conceito abstrato e tornou-se uma revolução viva: sem intermediários, código é lei, tudo transparente. Mas também cheia de incertezas: volatilidade extrema, regulação indefinida, barreiras técnicas elevadas. Aqui, o código não é apenas uma ferramenta, mas o criador das regras; o indivíduo pode remodelar o fluxo financeiro e de valor desde a base, sem depender da benevolência de instituições centralizadas.

No fim, decidi all-in no Web3. Não foi um impulso, mas uma reflexão profunda sobre as limitações do Web2: a zona de conforto do Web2 é como uma prisão, sufocando a verdadeira inovação; o Web3, apesar do caos, oferece possibilidades infinitas — permite que eu deixe de ser apenas um otimizador para me tornar um arquiteto, construindo um território digital para todos. Se não sair da zona de conforto, a inovação nunca terá saída. Comecei a transferir minhas economias para ativos cripto, e o primeiro grande movimento foi investir pesado em Luna.

O desastre de Luna: Colapso da fé e renascimento

Por que escolhi Luna para meu primeiro all-in de verdade? Porque representava o ideal máximo do Web3: o ecossistema Terra prometia uma stablecoin algorítmica estável, UST, combinada com uma blockchain eficiente, visando criar um sistema financeiro descentralizado capaz de rivalizar com bancos tradicionais. Na época, a narrativa de Luna me atraía como um ímã — não era apenas uma ferramenta especulativa, mas uma subversão das finanças centralizadas, prometendo pagamentos transfronteiriços de baixo custo e expansão ilimitada do DeFi. Como desenvolvedor, fui atraído pelo mecanismo algorítmico: o design de arbitragem de dois tokens e incentivos de liquidez me fez enxergar o potencial do Web3.

Ao longo do tempo, investi mais de 500 mil dólares em Luna. No início, tudo corria bem — o preço disparou, cheguei a lucrar bastante, minha conta dobrou, e essa empolgação me deixou ainda mais confiante. Mas a bonança não durou: veio o colapso. Em maio de 2022, o UST perdeu o peg, o preço de Luna despencou de quase cem dólares para poucos centavos. Conta zerada, ideal transformado em ilusão. Sentei diante da tela e vi tudo evaporar; o desespero daquele momento foi avassalador, uma dor profunda — não era só a perda financeira, mas o colapso da fé. Comecei a questionar tudo: como a descentralização do Web3 pode ser tão frágil? Como a promessa de uma stablecoin algorítmica pode desaparecer de uma hora para outra?

O motivo do colapso de Luna não foi um algoritmo obscuro — o mecanismo do Terra era open source, a lógica de arbitragem de dois tokens era pública e auditável. Mas as falhas de design ficaram expostas: o UST dependia do Luna como “amortecedor” de oferta infinita, e sob pânico de mercado e grandes vendas, desencadeou uma espiral da morte. O alto yield do protocolo Anchor atraiu capital especulativo, levando a um bank run; a liquidez secou e as redes sociais amplificaram o pânico, agravando ainda mais. Todo o ecossistema evaporou dezenas de bilhões de dólares, provando que o risco experimental das stablecoins algorítmicas era muito maior do que o previsto.

Mas o colapso de Luna não foi o fim, e sim um ponto de virada para o despertar. Fez-me encarar a dura realidade da “descentralização”: o mercado não tem piedade de ninguém, ele testa sua resiliência e percepção. O caso Luna expôs o lado ingênuo do Web3 — alavancagem excessiva, falhas de design, efeito manada. Mas foi nesse escombro que completei a verdadeira transição do Web2 para o Web3: a estabilidade do Web2 vem do controle centralizado, mas sufoca a liberdade; a crueldade do Web3 vem da abertura, mas recompensa quem itera. De um especulador cego, tornei-me um observador analítico, aprendendo a analisar mecanismos em vez de narrativas.

Retorno à racionalidade: Recuperação nas ações americanas e o despertar dos ciclos

Após o colapso de Luna, optei por deixar temporariamente os investimentos em Web3 e voltei ao mercado de ações americano para me recuperar. Naquele período, precisava urgentemente reencontrar a racionalidade após a volatilidade emocional, então comecei a estudar ciclos macroeconômicos e a estrutura de mercado. Inicialmente, investi em ações de metais industriais como FCX — símbolo da recuperação da produção global pós-pandemia, e lembrete do poder dos ciclos: toda prosperidade nasce da acumulação no fundo.

Com o início da recuperação do mercado, gradualmente migrei para ações de tecnologia — Google, NVIDIA, Meta, AMD, QQQ, QTUM. Não foi um “buy the dip” cego, mas uma prática baseada em “juros compostos de conhecimento”. Acredito que conhecimento e insight crescem como uma bola de neve. Essa experiência me fez entender novamente a essência do investimento: o preço é apenas a superfície da volatilidade, o sentimento é a lógica subjacente do mercado.

Luna me fez cair do entusiasmo, as ações americanas me livraram da preocupação imediata com o sustento. Felizmente, ainda restavam cerca de 200 mil dólares do meu capital, que se tornou o combustível para recomeçar. Refletindo e ajustando a carteira, aprendi a buscar certezas em meio à volatilidade. Naquele período, minha crença mudou de “buscar retorno” para “buscar certeza”.

Retorno ao Web3: de observador a construtor

Ao olhar novamente para o mundo cripto, percebi — o fracasso de Luna não foi o fim, mas um espelho que refletiu tanto a imaturidade quanto o potencial do Web3. Entendi que a verdadeira inovação não está na narrativa, mas no mecanismo.

Assim, quando vi a Berachain propor o Proof of Liquidity (PoL) e o sistema de três tokens, aquele design familiar e contido me chamou a atenção: manteve o poder dos incentivos de liquidez, mas com restrições institucionais para evitar a autodestruição ao estilo Luna. Naquele momento, não queria mais ser apenas um observador ou investidor — queria ser um Builder.

Foi assim que nasceu a Honeypot Finance. Seu propósito não era simplesmente empreender, mas dar continuidade a uma crença — construir um super app verdadeiramente democrático e escalável, onde a liquidez deixa de ser ficha de especulação e passa a ser o motor central do crescimento sustentável do ecossistema Web3.

Luna me fez experimentar o colapso da fé, as ações americanas me ensinaram a reconstrução racional, e o Honeypot representa meu renascimento como fundador.

A origem do Honeypot: da dor à semente da revolução

No período de recuperação nas ações americanas, refleti constantemente sobre os problemas do Web3: yield farms em excesso, projetos copiados e colados inundando o mercado, capital ineficiente, baixa composabilidade, liquidez rígida. Essas questões me tiravam o sono — por que o DeFi ainda está em nível de brinquedo? Por que o Web3 não pode, como o Web2, gerar um ecossistema de aplicações complexo e robusto?

Queria mudar esse mundo dominado pela centralização. Os gigantes do Web2 controlam tudo, os usuários são apenas fonte de dados; o Web3 deveria ser uma utopia democrática, mas muitas vezes vira um cassino especulativo. Sonho em construir um super app democrático, ordenado e escalável — um DEX modular e governado por DAO, resolvendo de base os atritos do DeFi.

Assim nasceu o Honeypot. Não começou com hype, mas com problemas reais. Construímos do zero um DEX descentralizado e escalável, focado em dores reais: combater sandwich attacks e MEV. Em meados de 2023, nosso modelo Batch A2MM ganhou prêmio no ETH Shanghai Hackathon — não era um demo, mas uma prova de que o DeFi pode ser mais inteligente, enxuto, justo e escalável.

O Honeypot nunca perseguiu tendências. Defendemos inovação prática: fornecer ferramentas para a comunidade, não brinquedos; interfaces simples e poderosas, atendendo necessidades financeiras reais. Não é mais um clone de DEX, mas um laboratório para uma tese maior: se resolvermos composabilidade e liquidez, tudo é possível.

Depois veio a febre das memecoins, trazendo novas reflexões. O hype expôs as armadilhas das bonding curves — recompensam velocidade, não convicção; insiders, não participantes; efemeridade, não cultura. Lançamos o Pot2Pump, um motor de meme economy justo e escalável. Ele transforma os primeiros participantes em LPs nativos, a liquidez cria raízes desde o início; elimina o design extrativo das bonding curves, redirecionando a volatilidade para retornos sustentáveis.

Casos reais provam: em um LP de memecoin com alto volume de negociação, o yield pode chegar a 32.000% APR — não por inflação, mas por atividade de mercado. O Pot2Pump abraça o meta das memecoins, mas direciona para uma estrutura saudável de incentivos alinhados.

A ascensão do Hyperliquid: prática bem-sucedida da fé

Hyperliquid é um projeto que estudei a fundo e no qual investi pesado. Embora não tenha sido um dos primeiros, entrei a partir de 12-13 dólares, levando a comunidade para dentro do Hyperliquid e mantendo a posição. Na época, o mercado ainda duvidava se as negociações on-chain poderiam rivalizar com as CEX, mas vi seu potencial revolucionário: o Hyperliquid adota o modelo orderbook, oferecendo na blockchain uma experiência fluida como a de uma CEX, sendo chamado de “Binance on-chain”.

Esse projeto me fez ganhar dinheiro “tranquilo” pela primeira vez, não apenas especulando. Sua transparência e eficiência provaram que as finanças descentralizadas podem ser eficientes e confiáveis. Não é apenas uma plataforma de negociação, mas um exemplo de infraestrutura financeira Web3. Isso reforçou minha convicção: all-in no Web3 porque aqui a tecnologia realmente empodera o indivíduo, quebra o monopólio centralizado e permite que todos sejam participantes do sistema. Minha crença sempre foi simples: não precisamos participar de muitos projetos, nem de muitas oportunidades. Só precisamos agarrar as grandes oportunidades certas. Sou muito grato ao Web3 por me dar essa chance de participar.

O batismo do evento 10.11: da desilusão à reconstrução da fé

A queda de 11 de outubro de 2025 foi o momento mais marcante da minha jornada. A confiança do mercado colapsou instantaneamente, até os derivativos on-chain enfrentaram pânico e bank run. Naquele dia, passei a noite em claro, observando as curvas de liquidação on-chain, refletindo repetidamente: “Quão transparente realmente é o on-chain que buscamos?”

Aquela noite de agonia me despertou completamente: se a lógica de execução ainda depende de pessoas ou componentes centralizados, então o DeFi é apenas uma fachada. Essa crise não foi um golpe, mas um catalisador. Fez-me passar da dúvida à convicção: o futuro do Web3 está em soluções puramente on-chain, só assim será possível alcançar a verdadeira ausência de confiança. Esse é o motivo fundamental do meu all-in — no Web3, posso construir com as próprias mãos um mundo mais puro e autônomo.

A ambição do Honeypot: evolução além do Hyperliquid

O Hyperliquid me inspirou, e o 10.11 aumentou ainda mais minha motivação para levar as negociações para on-chain. Já estudávamos AMM Perp DEX cerca de meio ano antes do evento 10.11; se o orderbook representa o ápice da elegância on-chain no Hyperliquid, quero fazer do Honeypot o AMM Perp DEX mais elegante possível. Na minha visão, Honeypot Finance e Hyperliquid são como o Professor X e Magneto: propósitos diferentes, uma relação de amor e rivalidade.

Na correspondência, buscamos execução e liquidação realmente on-chain e sincronizadas; no controle de risco, introduzimos margem dinâmica e separação de camadas de liquidez; na descoberta de preços, permitimos que o AMM se autoajuste, sem depender de oráculos; na governança, criamos um jogo fechado entre LPs, traders e o protocolo.

Não imagino apenas outro exchange, mas um ecossistema financeiro capaz de evoluir sozinho. Cada negociação, cada liquidação, cada liquidez será nutriente para o crescimento do sistema. Isso reflete a essência do Web3: de participante passivo a construtor ativo.

O AMM Perp DEX do Honeypot Finance resolve, por meio de upgrades estruturais, as dores dos AMMs tradicionais, incluindo o jogo de soma zero, falhas de arbitragem e mistura de capital, alcançando estrutura sustentável, controle de risco em camadas e processo de liquidação justo. Os LPs não interagem diretamente com o AMM, mas depositam fundos em cofres ERC-4626 em camadas: cofres superiores têm prioridade nas taxas e última perda (adequados para instituições), cofres inferiores absorvem primeiro as perdas e têm alto retorno (adequados para nativos cripto), e o fornecimento dos cofres é baseado em bandas de preço ancoradas por oráculos, garantindo slippage linear e centralizado. A sequência de liquidação é pré-definida e visível, incluindo desleverage parcial, leilão micro, perdas iniciais dos cofres inferiores, pool de seguro e ADL limitado, garantindo que o sistema seja controlável, previsível e isolado durante a volatilidade.

Fingir para aprender? Nestes dois anos, sou o exemplo vivo. Entrei pelo Luna, vivi altos lucros e grandes perdas — minha conta chegou a dobrar, mas no fim quase zerei. Na época, recuperei o capital graças ao ajuste e recuperação do mercado de ações, fortalecendo minha convicção como builder. Embora não tenha sido um dos primeiros no Hyperliquid, entrei a partir de 12-13 dólares, levando a comunidade junto e mantendo a posição. Em abril deste ano, durante a correção das ações americanas, no auge do pânico, liderei a comunidade para comprar o índice SPY a 4800 pontos e o BTC a 75.000 dólares, realizando uma virada do fundo ao topo. Essa trajetória de altos e baixos não foi apenas sucesso financeiro, mas uma evolução cognitiva — fez-me passar de um questionador do Web2 a um construtor convicto do Web3.

Seja parceiro dos “tolos”, não adversário

Muitos perguntam: “O bônus cripto acabou?”

Minha resposta: ainda nem começou.

O fim da fase especulativa é o início da fase criativa. Quando o Web3 passar da transferência para a criação de riqueza, quando tolos e espertos compartilharem os bônus dos mecanismos, aí sim será a era de ouro.

Eu e minha equipe queremos ser os melhores builders do setor. Não quero mais participar como observador, mas ser um verdadeiro agente de mudança, construindo um futuro inclusivo para todos.

Pós-escrito

No mundo de estrutura piramidal, as pessoas preferem histórias que se encaixam em suas imaginações. Eu também conto histórias, mas a verdade costuma ser calma e entediante: é depuração de código de madrugada, iteração fracassada, colapso de modelos de risco.

Por trás da riqueza não há milagres, mas sim acúmulo de tempo e evolução cognitiva.

Sou apenas uma pessoa comum. Já me perdi, caí e me levantei aos poucos. Busco ordem no caos, equilíbrio na desordem.

Se o Honeypot puder representar algo, mudar algo, espero que sempre represente a direção do futuro — não importa quantas quedas ou mortes, que possa sempre renascer como uma fênix.